Uma jovem cometeu suicídio.
Vocês podem, nesse momento, se perguntar: o que isso tem de novo? A verdade é que não tem nada de novo, pois milhares de pessoas pelo mundo devem tirar suas próprias vidas todos os anos, e o fato de isso acontecer e pouco se falar é que faz esse episódio precisar de uma atenção em especial.
Alguns podem não ter percebido, mas eu cometi suicídio virtual a poucos dias. Estava tão de saco cheio, tenho meus motivos mas não é relevante falar deles, que não queria mais abrir esse Facebook por achar que de útil ele não tem nada. Mas através dele eu ainda posso manter contato com pessoas que estão distante e que tem alguma importância pra mim.
Como eu falei para a minha mãe, quanto mais a tecnologia evolui, mais ela separa as pessoas; ninguém quer mais ligar para o outro; a praticidade de enviar uma mensagem e ler a resposta quando ela vier, se vier, tomou o lugar de se fazer uma ligação e ter de gastar-se alguns minutos para trocar algumas palavras com algum conhecido ou familiar. Até no mundo dos negócios o contato pessoal passou a ser muito raso. É prático e veloz? É! Mas nada substitui o calor humano.
Tá, mas quem morreu? Eu não conhecia a garota, sei que ela tinha muitos seguidores no Instagram, e sabe o que é irônico? Talvez se ela não tivesse rede social, e sim uma vida social de verdade, com pessoas que a quisessem bem de verdade, certamente ainda estaria entre nós. Ela ia casar, mas no dia da cerimônia o seu noivo resolveu desistir e terminou tudo por WhatsApp. Detalhe: ela sofria de depressão e o seu noivo sabia disso, mas parece que ele não se importou. Daí eu li na matéria que ele está se sentindo destruído. Deveras! Vai carregar a culpa dessa morte nas costas até o fim dos seus dias. Porém ele não é o único culpado! Depois que recebeu a notícia de que não iria mais casar, a jovem conseguiu fazer o que poucos no seu lugar teriam feito: resolveu levantar a cabeça; foi em frente com a festa e simbolicamente casou com sigo mesma; tirou fotos, dançou, sorriu, bebeu, comeu, mas depois cometeu o último erro da sua vida: compartilhou a sua intimidade(o fato de ter sido abandonada no dia do casamento) com os seus seguidores no Instagram. Pessoas normais teriam dado força à jovem, desejado resiliência, dado motivação, mas não foi bem assim. Segundo reportagem na Jovem Pan e também relatada no Canal Mamãe Falei, choveu críticas à "noiva de si mesma", acompanhadas de muitas ofensas, coisa que eu realmente não consigo imaginar o porque. Todo o esforço da garota acabou sendo em vão, pois a depressão é um inimigo desleal que não perdoa quem está sozinho. Infelizmente, ela entrou para essa estatística dos suicidas; depois de ler e responder comentários, saltou do 9º andar do prédio aonde morava. Os haters retiraram seus comentários aos receberem essa notícia, pois não querem deixar pistas da covardia que cometeram.
Deixo uma pergunta: precisamos de leis que controlem o nosso comportamento na internet ou precisamos de bom senso? Eu, já escolhi o caminho do bom senso. Chega de compartilhar coisas que eu sei que não farão bem aos que possivelmente irão ver minhas redes sociais. Chega de fazer comentários motivado pelo calor da discussão, ainda que eu saiba e tenha certeza de que a razão está do meu lado, pois todos já tem os seus problemas. Melhor compartilhar coisas úteis, que de alguma forma possam acrescentar algo positivo e construtivo às suas vidas, independente de concordarmos ou não.
Eu reativei meu perfil aqui, porque gostaria de compartilhar essa postagem com meus familiares, amigos, colegas, conhecidos, que ao longo dos anos vieram entrando para a minha rede, de forma direta ou por intermédio de outros contatos. Eu sei que eventualmente, algumas pessoas olham o que eu publico, e ocasionalmente, até tiram algum tempo da sua vida para ler o que eu escrevo, coisa que, sinceramente, eu espero poder fazer por longos anos.
Se você leu essa postagem e está passando um momento difícil, sofrendo e sentindo-se sozinho(a), ligue para o número abaixo.
188
Centro de Valorização da Vida
Vou recomendar três livros que tem a ver com esse assunto:
1. Fédon - a imortalidade da alma(Platão)
2. Mãe(José de Alencar)
3. Escapando da depressão(Daniel Augusto Martins)
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